quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

POR QUE O REGULAMENTO MUDA TANTO?

A cada ano que passa, os regulamentos da Fórmula 1 são alterados, limitando o potencial dos carros. Sempre que isso acontece, o desempenho dos carros sofre uma pequena queda (às vezes nenhuma) e depois volta a subir, até ser novamente limitado.


Imaginem um Fórmula 1 com turbo e cilindrada ilimitada (como o Porsche 917/30 da foto, de 1300 HP), asas móveis controladas por computador, sistemas motorizados de pressão negativa (aspiração - vejam imagem do Brabham BT47B), efeito solo (vejam esq

uema da Lotus 79 abaixo), suspensão ativa, turbo comprimido e utilizando combustível livre?



O potencial de desempenho de superfícies aerodinâmicas móveis controladas por computador só foi explorado nos caças modernos, mas pode ser imaginado. Se combinado com sistemas de efeito solo, pressão negativa e suspensão ativa, poderia gerar acelerações laterais de mais de 8g, o que levaria os pilotos a usarem trajes capazes de controlar o fluxo de sangue, como os astronautas. Além disso, eles teriam de tomar anfetaminas e outros medicamentos para aumentar o reflexo (seria uma novidade? Mais sobre isso em um próximo artigo).


O aumento da velocidade nas curvas seria extremo e médias de mais de 300 km/h seriam possíveis em vários circuitos. A combinação desses fatores tornaria as ultrapassagens impossíveis, os custos absurdos e os acidentes constantes e catastróficos. Os carros estariam muito acima da capacidade humana de pilotar.

A política de restrições da FIA foi criada para impedir esse cenário. Toda vez que uma tecnologia atinge um platô de desenvolvimento, ou um alto nível de risco, é limitada por um regulamento que procura dirigir todo esforço de desenvolvimento tecnológico para uma área pequena. Isso potencializa a F1 como instrumento de pesquisa, acelera a evolução e barateia os custos. Foi essa política que trouxe de volta à categoria as grandes montadoras. Hoje o foco do desenvolvimento é a confiabilidade, mas o regulamento do ano que vem aponta para um novo alvo: eficiência energética.

2 comentários:

Renato Purper Jr. disse...

Elder. O que eu acho é que todo o desenvolvimento "custa". assim sendo, a cada restrição imposta por novos regulamentos, existe um tremendo fluxo de recursos para superá-lo e voltar ao mesmo desempenho antigo. Por que a F1 tem apenas ~ 22 carros enquanto categorias semelhantes no USA é tão mais "populoso"? O que mais se procura em uma competição é "competição" e o recall das marcas que se conhece é um grande atrativo.

Elder Braga disse...

Renato,
A F1 custa uma fortuna, mas a pergunta é: porque as grandes fábricas preferem investir fortunas na F1 do que muito menos em outras categorias? A resposta é simples: porque dá um enorme retorno, uma vez que não há categorias semelhantes.